A era digital e a internet tornaram as informações mais acessíveis e provocaram transformações profundas no comportamento das pessoas, nos relacionamentos e nos diversos setores da sociedade. Os avanços tecnológicos, principalmente a internet, possibilitaram, dentre outros benefícios, a integração mundial, o compartilhamento de informações, de diferentes culturas e saberes e a divulgação de notícias e fatos em tempo real.
Mas o avanço da tecnologia também nos impõe alguns desafios que demandam aprendizagem e atualização contínuas, adaptação às inovações e, principalmente, o desenvolvimento da capacidade de reflexão crítica da realidade. Vivemos conectados grande parte do dia e, não raramente, perdidos diante do excesso de informações que chegam até nós, por meio das redes sociais, e-mails, livros, revistas, sites, programas de TV, como uma verdadeira enxurrada e com as quais não estamos suficientemente preparados para lidar. Esse fato tem sido objeto de estudo de pesquisadores no mundo inteiro, os quais constataram que o excesso de informações afeta a saúde mental, gera estresse, ansiedade, depressão, fadiga, falta de memória, entre outros transtornos. O físico espanhol Alfons Cornella criou o conceito infoxicação, para designar a situação em que uma pessoa recebe uma quantidade de informações muito maior do que seu cérebro é capaz de processar.
Além disso, constatamos a proliferação de notícias falsas, as chamadas fake news, criadas para gerar boatos e reforçar um pensamento, por meio da disseminação de mentiras, sendo compartilhadas nas redes sociais e aplicativos de mensagens, cujas consequências podem ser muito graves: incentivo ao preconceito e à violência e incontáveis prejuízos morais e materiais de pessoas e empresas. E quando se trata de falsas notícias relacionadas à saúde, especificamente, os prejuízos então podem ser irreparáveis. A pandemia de Covid-19 tornou-se o cenário propício para a disseminação de informações enganosas sobre o assunto, como as notícias antivacina e alternativas de tratamento sem comprovação científica, dificultando a prevenção e o tratamento da doença.
Nesse cenário, requer-se dos leitores uma postura crítica diante das informações: checar, avaliar, analisar, refletir, ler nas entrelinhas, priorizar o que é essencial saber em meio a tantas notícias são habilidades fundamentais para aprender a lidar, de forma mais saudável e ética, com o excesso de informações que circulam nos diversos meios e também para uma melhor compreensão da realidade.
A tecnologia, apesar de ser uma grande aliada e estar presente em todas as áreas da vida, também pode nos sobrecarregar e nos fazer perder o foco e é por isso que precisamos ser cautelosos ao lidar com o excesso de informações que recebemos. Para isso algumas dicas podem ajudar:
-Desenvolver o hábito de “filtrar” as informações, dando preferência para assuntos que realmente agregam valor à sua vida;
-Buscar fontes seguras, checar o link: é um site conhecido, respeitado, confiável?
-Ler a notícia/informação completa: se você receber um link, não acredite apenas na manchete, leia tudo de maneira crítica e tente identificar se há alguma inconsistência;
-Desconfiar de notícias absurdas: orientações muito extremistas, alarmistas ou muito vagas tendem a ser falsas. Na dúvida, não compartilhe.
-Verificar sempre a data da notícia, considerar apenas informações atualizadas;
-Validar a veracidade da notícia: para isso existem sites como Agência Lupa, Fake Check, Fato ou Fake e outros que são agências dedicadas a checar se os fatos são verdadeiros ou não.
Finalmente, um bom princípio para nos orientar ao lidar com tantas informações é o do respeito a si mesmo, suas limitações, (procurando sempre selecionar e priorizar o que realmente importa, em nome de sua saúde mental); e ao outro, evitando compartilhar informações falsas, que irão prejudicá-lo.
Autora: Maria Dinalva da Silva Lima
Professora aposentada, Pedagoga, com especialização em Orientação Educacional e Gestão Escolar.