Projeção aponta que, desse total, 26,2 mil já têm uma formação ou estão inseridos no mercado de trabalho, mas devem se atualizar. Outros 7,9 mil precisarão de formação inicial
Até 2025, o estado do Tocantins precisará qualificar 34 mil pessoas em ocupações industriais, sendo 7,9 mil em formação inicial – para repor inativos e preencher novas vagas – e 26,2 mil em formação continuada, para trabalhadores que devem se atualizar.
Isso significa que, da necessidade de formação nos próximos quatro anos, 76% serão em aperfeiçoamento. As ocupações industriais são aquelas que requerem conhecimentos tipicamente relacionados à produção industrial, mas estão presentes também em outros setores da economia.
O mercado de trabalho passa por uma transformação, ocasionada principalmente pelo uso de novas tecnologias e mudanças na cadeia produtiva; e, cada vez mais, o Brasil precisará investir em aperfeiçoamento e requalificação para que os profissionais estejam atualizados.
Em todo o país, a demanda é de 9,6 milhões de trabalhadores qualificados. Os dados e a avaliação são do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, estudo realizado pelo Observatório Nacional da Indústria para identificar demandas futuras por mão de obra e orientar a formação profissional de base industrial no país.
O gerente da Unidade de Educação e Tecnologia do SENAI Tocantins, José Reinaldo Neto, explica que o estudo identifica futuras demandas da Indústria. “O mapa do trabalho é um estudo do Observatório Nacional da Indústria onde ele identifica futuras demandas, mão de obra e o futuro do cenário econômico de todos os estados do Brasil. E orienta as principais formações de bases industriais para que o SENAI possa estar atualizado com estas novas formações é estar caminhando nessa evolução junto com as indústrias para que a gente forme profissionais qualificados e atualizados que possam apoiar o desenvolvimento econômico do Tocantins.
José Reinaldo pontua que os números mostram um cenário de mudança, principalmente no que diz respeito à indústria 4.0 e destacam os cursos de qualificação, que são os de menor duração, voltados à atualização dos profissionais deste segmento a fim de que eles obtenham conhecimentos exigidos pela indústria 4.0.
Conforme o gerente, agora, o mercado começa a ver que o mercado está demandando cursos de qualificação cada vez mais curtos e objetivos. “São qualificações de menos de 200 horas, rápidas com foco em habilitações técnicas em áreas novas que estão surgindo como a Internet das Coisas (IOT),BigData e a área de otimização de produção, Lean que também vem crescendo bastante com a proposta de reduzir custos e aumentar a produtividade”, explicou o gerente do SENAI Tocantins.
A demanda por formação no estado por nível de qualificação será de:
Nível de qualificação
Demanda
Qualificação (menos de 200 horas)
20.591
Qualificação (mais de 200 horas)
6.183
Técnico
5.168
Superior
2.246
TOTAL
34.188
Em volume, ainda prevalecem as ocupações de nível de qualificação, que respondem por 74% do emprego industrial no Brasil hoje. Contudo, chama atenção o crescimento das ocupações de nível técnico e superior, que deve seguir como uma tendência. Isso ocorre por conta das mudanças organizacionais e tecnológicas, que fazem com que as empresas busquem profissionais de maior nível de formação, que saibam executar tarefas e resolver problemas mais complexos.
As áreas com maior demanda por formação são: Construção, Transversais, Logística e Transporte, Metalmecânica, e Alimentos e Bebidas. As ocupações transversais são aquelas que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como técnico em Segurança do Trabalho, técnico de Apoio em Pesquisa e Desenvolvimento e profissionais da Metrologia, por exemplo.
Estudo avalia estimativas e cenário político, econômico, tecnológico e de emprego
O SENAI é a principal instituição formadora em ocupações industriais no país. Para subsidiar a oferta de cursos, em sintonia com as demandas por mão de obra do setor produtivo, o Observatório Nacional da Indústria desenvolveu a metodologia do Mapa do Trabalho Industrial, referência no Brasil. O estudo é uma projeção do emprego setorial que considera o contexto econômico, político e tecnológico. Um dos diferenciais é a projeção da demanda por formação a partir do emprego estimado para os próximos anos.
Para esse cálculo, são levadas em conta as estimativas das taxas de difusão das novas tecnologias nas empresas e das mudanças organizacionais nas cadeias produtivas, que orientam o cálculo da demanda por aperfeiçoamento, e uma análise da trajetória ocupacional dos trabalhadores no mercado de trabalho formal, que subsidiam o cálculo da formação inicial. Um trabalho de inteligência de dados e prospectiva que deve subsidiar ações e políticas de emprego e educação profissional.
O estudo agrupa as ocupações industriais em 25 áreas.
Abaixo, as que mais precisarão formar até 2025:
Áreas com maior demanda por formação (inicial + continuada)
Área
Demanda
Construção
6.222
Transversais
5.244
Logística e Transporte
5.161
Metalmecânica
4.892
Alimentos e Bebidas
4.288
Automotiva
1.348
Telecomunicações
1.088
Tecnologia da Informação
1.033
Eletroeletrônica
1.009
Gestão
538
Abaixo, as ocupações com maior demanda por formação, agrupadas por nível de qualificação: superior, técnico, qualificação mais de 200 horas e qualificação menos de 200 horas:
SUPERIOR
Voltados para quem tem o ensino médio completo ou equivalente, visam a formação de um bacharel ou licenciado. São de longa duração, com carga horária mínima de 2.400 horas, sendo que algumas chegam a 7.200 horas.
Ocupação
Demanda em
formação inicial
Demanda em aperfeiçoamento
Analistas de tecnologia da informação
78
Engenheiros civis e afins
56
250
Gerentes de produção e operações em empresa da indústria extrativa, de transformação e de serviços de utilidade pública
38
184
Gerentes administrativos, financeiros, de riscos e afins
43
158
Gerentes de comercialização, marketing e comunicação
16
88
TÉCNICO
Cursos técnicos têm carga horária entre 800h e 1.200h (cerca de 1 ano e 6 meses) e são destinados a alunos matriculados ou egressos do ensino médio.
Ocupação
Demanda em
formação inicial
Demanda em aperfeiçoamento
Técnicos de controle da produção
90
488
Técnicos em eletrônica
100
261
Técnicos em eletricidade e eletrotécnica
40
280
Supervisores da construção civil
65
229
Técnicos em segurança do trabalho
19
187
QUALIFICAÇÃO + DE 200 HORAS
Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão.
Ocupação
Demanda em
formação inicial
Demanda em aperfeiçoamento
Mecânicos de manutenção de veículos automotores
356
517
Instaladores e reparadores de linhas e cabos elétricos, telefônicos e de comunicação de dados
132
707
Trabalhadores na fabricação e conservação de alimentos
95
339
Trabalhadores de instalações elétricas
95
304
Mecânicos de manutenção de máquinas industriais
93
241
QUALIFICAÇÃO – DE 200 HORAS
Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão.
Ocupação
Demanda em
formação inicial
Demanda em aperfeiçoamento
Motoristas de veículos de cargas em geral
490
2.878
Alimentadores de linhas de produção
757
2.081
Magarefes e afins
671
1.984
Ajudantes de obras civis
822
1.342
Trabalhadores de mecanização agrícola
305
1.259
Aprendizagem ao longo da vida para driblar desemprego e aumentar produtividade
O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, reconhece que a recuperação do mercado formal de trabalho será lenta em razão da retomada gradual das atividades econômicas no pós-pandemia. Para melhorar o nível e a qualidade do emprego e contribuir para o progresso tecnológico e aumento da produtividade nas empresas, será indispensável priorizar o aperfeiçoamento de quem está empregado e de quem busca novas oportunidades.
“Estamos diante de um cenário de baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), reformas estruturais paradas, como a tributária, eleições e altos índices de desemprego e informalidade. Nesse contexto, o Mapa surge para que possamos entender as transformações do mercado de trabalho e incentivar as pessoas a buscarem qualificação onde haverá emprego. E essa qualificação será recorrente ao longo da trajetória profissional. Quem parar de estudar, vai ficar para trás”, avalia.
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