Hoje professora na Aldeia Barreira Branca, localizada na zona rural de Sandolândia, Ana Beatriz Werekualaru Javaé, orgulhosamente, afirma ser uma indígena que saiu da aldeia para buscar formação e retornou às origens para contribuir com a formação de sua etnia. Escolhida como professora da Escola Indigena Jawala, localizada em sua aldeia, ela atende adolescentes que cursam o Ensino Fundamental.
Ela participa nesta semana de formação continuada realizada na cidade de Gurupi, no Sul do Estado, até sexta-feira, 26. O encontro reúne muitos outros indígenas que saíram de suas origens para buscar formação e retornaram para lecionar em suas comunidades, assim como professores não-indígenas que atuam nas aldeias do Tocantins. Somente em Gurupi, mais de 100 pessoas participam da capacitação, representantes dos povos indígenas Javaé e Karajá Xambioá.
Uma realização da Secretaria Estadual de Educação do Tocantins (Seduc), por meio da Gerência de Educação Indígena, o projeto é executado pela empresa J.C Comércio. De acordo com a consultora Villany Ferreira Teixeira, a formação continuada é um marco na história da educação no Tocantins, com a proposta de formar os professores capazes de dar conta de toda a diversidade e riqueza cultural dos povos indígenas. “Esses professores indígenas e não-indígenas há muitos anos demandam a necessidade de buscar novos conhecimentos, novos horizontes, mas principalmente com orientações que não deixem de lado a sua cultura, a sua origem”, declara.
O diretor regional de Educação de Gurupi, Antonio Carlos Aparecido Barbazia, considerou a Educação Indígena, assim como a não indígena, pressupõe um conjunto de procedimentos para os quais os professores devem ser preparados. “Hoje em dia temos indígenas PHDs, doutores, mestres, em várias áreas, e isso deixa a gente muito feliz. Sentimos muito honrados de poder recebê-los aqui e poder colaborar com a realização dessa formação aqui em Gurupi. Nossos corações enchem de alegria de ver essa sala lotada e tanta gente em busca de conhecimentos”, disse.
O secretário municipal de Educação de Gurupi, Davi Abrantes, parabenizou à equipe da Seduc. “É uma alegria estar presente na abertura da formação e saber que Gurupi é a porta de entrada para essa caravana de conhecimento. A valorização da cultura indígena é muito importante, que mais formações como essas sejam trazidas aos nossos professores e parabéns à Seduc e à empresa Cetro. O que podemos contribuir para que essa ação seja ainda mais sucesso estamos à disposição e que haja aprendizado e excelentes resultados na formação desses profissionais”, expressou o secretário.
Formação
A Formação Continuada para Professores Indígenas e Não-Indígenas teve início em Gurupi, na segunda-feira, 22, e segue até sexta-feira, 26. Na próxima semana, a partir de segunda-feira, 29, as capacitações acontecerão para os professores das aldeias dos povos Apinajé, da região de Tocantinópolis. Ao longo do mês de setembro, haverá formação em São Félix do Araguaia – Karajá, Pedro Afonso – Krahô e Krahô Kanela e Miracema do Tocantins- Xerente. No total, mais de 600 professores serão capacitados e os grupos de formação são unidos conforme as especificidades e peculiaridades linguísticas e culturais.
As aulas, palestras e rodas de conversas são baseadas nos quatro pilares básicos da educação indígena, sendo eles a interculturalidade, o bilingüismo ou multilingüismo, a especificidade, a diferenciação e a participação comunitária, que consideram a diversidade cultural no processo de ensino e aprendizagem. A proposta não é modificar a realidade e vivência de cada cultura, crenças e comportamentos, mas sim assegurar os direitos desses povos indígenas e valorizar cada identidade.
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